quarta-feira, abril 16, 2008

TUDO A SEU TEMPO


Olha meu rapaz;
Sentada aqui a beira do lago,
Tendo a relva como tapete,
Sentindo-a massagear meus frágeis pés,
E o vento a acariciar meus cabelos brancos;
É que vejo o quanto foi minha vida.
Trago na face às marcas do tempo,
No corpo o processo inevitável da degradação,
No coração as marcas profundas das dores.
Nada quis em minha vida a não ser amar.
Estive aberta a todas as formas de amor...
Amei tudo e todos.
Cada um, de uma forma totalmente especial.
Fui capaz de perdoar o imperdoável,
Compreender o incompreensível.
Em minha vida,

estive sempre disposta a socorrer que precisasse.
Nunca tive inimigos.
Aos desafetos, reservava no mínimo um terno carinho.
Foram muitos os amores!
E do mesmo tanto, foram às desilusões;
Do mesmo tamanho foram as dores.
Não falo de amores fraternos,

Esses nunca causaram dor alguma.
Era exatamente nesses que buscava força,

Forças para juntar os restos.
Falo portanto, do um amor entre o homem e a mulher.
Esse amor tão bom e tão maldito.
Bom porque nos fornece uma alegria diferente de viver:
Todas as cores ficam mais intensas,
Os cantos dos pássaros mais doces,
O desabrochar das flores mais belo.
Ficamos em estado de graça.
Assim, nos permitimos até sonha com “casamentos”.
Mas é também maldito...
Por que nos coloca em contato com o pior de nós.
O ciúme, as incertezas, as tristezas...

E as dores. Ah! as dores...
Nada é mais belo e doloroso do que o amor.
Me apaixonei muitas vezes, e outras tantas amei.
Hoje meu rapaz, porém te digo:
Em todos os momentos de minha vida só tive uma companheira:
_ A solidão.
Por toda a minha vida amei sozinha.
Não porque não tinha qualidades,
Mas porque nem todos se permitem amar e ser amado.
Estive na contra mão da vida, amando sozinha.
E o amor não sobrevive por um só lado.
Por algum motivo tosco, não soube o que era ser amada.
Agora me permito afirmar, que nunca conheci esse sentimento.
Porque onde está à essência do amor,
se não na reciprocidade?
Não conheci sua plenitude.
Pois não há plenitude na dúvida e na incerteza.
Houve sempre uma pedra no meu caminho,
Os tropeços foram inevitáveis.
Em todas às vezes perdi o equilíbrio, o rumo.
Talvez meu rapaz, em alguns momentos se pergunte:
Vale a pena amar?
Respondo-te, vale à pena estar vivo.
E é só amando que se vive, ainda que em dor.

Verônica Bastos
16ABR2008

Revisto em 13JUN2008