domingo, junho 09, 2013

SOU QUEM SOU



Não sou teu passado.
Muito menos o teu futuro.
Sou o teu presente.
Não sou a culpada de teus traumas,
Muito menos o espelho do que vivestes.
Não posso carregar o peso de tua desilusão,
As marcas das tuas dores.
Tive minhas próprias dores.
Não posso pagar pelos remendos em tua vida.
Não sou a culpada de tuas mazelas,
Nem de sua felicidade anterior.
Sou o teu momento, o teu agora.
Me trate pelo que eu faço, pelo que eu sou.
Mas não me olhe com o olhar do passado.
Porque meu passado não te pertence;
Nem pode te fazer vítima dele.
Não mereço ser vítima do teu.
Tenho outra cara, outra personalidade,
Outro modo de ver e de viver.
Sou única em minha subjetividade
Não sou culpada de seu passado.
Sou quem sou.
Ou me ame ou deixe-me.

Verônica Bastos
26jan2015

AUSÊNCIA


Saudade…
O que seria…?
Se não o reviver imaginário do que se foi,
Ou a expectativa do nunca vivido.
Seria o encantamento diante de um bom amigo
Ou o sentimento que retrata sua distância?
Seria fugir do presente,
Ou adormecer no passado?
Talvez seja o amor perdido,
Ou a paixão nunca vivida.
Não importa o que seja,
Ou o que pareça.
Ela é, e sempre será a distância,
A ausência, o neutro…
Será o desejo de rever,
Ou simplesmente um modo de falar,
Um modo de sentir,
Uma forma de saber que alguém existe.
Na saudade cabe todos, tudo…
Uma pessoa, um cachorro, um objeto…
Cabe um amor, uma paixão, um amigo…
Cabe a família, Ah! A Família.
Essa cabe em qualquer lugar.
Em qualquer ponto, em qualquer espaço.
E a saudade segue…
Impõe a sua existência.
E eu sigo tendo saudade de te,
Hoje e sempre.

Verônica Bastos

24/05/2013

O PESO DO MUNDO


Deram-me um corpo,
Um corpo esguio, alongado;
Com o peso suficiente para suportar o mundo.
De tão esguio, deveria aguentar calada.
Era preciso ser silenciosa.
Era necessário vê, ouvi e não escutar.

Ainda era cedo,
Ainda era muito jovem,
Deram-me, mesmo assim, a estrada.
Um caminho para um futuro,
Haviam flores a beira do caminho,
O sol cálido aquecia suavemente o coração.
E por algum tempo, os contos de fadas pareceram existir,
Era uma coisa palpável, ao alcance das mãos.

Deram-me, então, os espinhos.
Em algum lugar do curto passado,
esqueceram de falar-me deles.
E não era qualquer espinho,
Ele encravava nas entranhas da alma,
Dilacerava o músculo pulsante
E os castelos não podiam mais ser tocados.

O corpo esguio, ganhou a primeira cicatriz,
Mas ainda era muito jovem,
Outras marcas viriam,
Umas esbarrariam nas outras, e por vez voltariam a sangrar.
Outras estradas, outros campos, outras flores,
Haveriam outros tempos, novo futuro.
Mas nunca mais os castelos.

Verônica Bastos

15/04/2013 

ESPAÇO VAGO


Há um espaço vago a frente,
Uma estrada longa e vazia,
Não é uma terra árida,
Mas também não é uma mata atlântica,
Seria uma caatinga, um serrado então?
Não dá para saber ao certo.
Mas dá para vê-la, perder-se ao longe.
Parece silenciosa,
Mas do que isso,
Parece solitária, vazia, nula.
Um caminho para lugar nenhum.

Aparentemente é uma estrada comum,
Mas não pode ser comum o vazio,
Não pode ser normal a solidão, o nulo.
O silencio sim é comum,
E por vez, necessário.
Ele não dá medo, não apavora, não causa dor.
Muitas vezes, é conselheiro até,
Mas o vago; é negro, é desconhecido.

Olhando-a mais atentamente,
Não é assim tão vazia.
Há umas poucas árvores a contorna-la.
Algumas flores teimosas a dançar.
Ainda tem o por do sol,
e  a lua que vem enamora-lo
Mesmo que quase em uma despedida.
Não seria então uma estrada romântica?
Diria que sim, o poeta
Mas logo seria rebatido pelo cético.

O romântico morre de amor
Aceita a dor como uma alento,
Mas o cético vê a estrada vazia.
E o realista sente a presença da solidão.
Reconhece o silêncio em sua alma,
E teme perder-se no espaço vago.
Porque o silêncio lhe é peculiar
Mas o nulo lhe é tenebroso,

Ainda há um espaço vago a frente,
Uma estrada longa e vazia,
Que amedronta, apavora,
sucumbindo o romantismo,
No vazio de um pobre solitário.

Verônica Bastos
07/04/2013