domingo, junho 09, 2013

ESPAÇO VAGO


Há um espaço vago a frente,
Uma estrada longa e vazia,
Não é uma terra árida,
Mas também não é uma mata atlântica,
Seria uma caatinga, um serrado então?
Não dá para saber ao certo.
Mas dá para vê-la, perder-se ao longe.
Parece silenciosa,
Mas do que isso,
Parece solitária, vazia, nula.
Um caminho para lugar nenhum.

Aparentemente é uma estrada comum,
Mas não pode ser comum o vazio,
Não pode ser normal a solidão, o nulo.
O silencio sim é comum,
E por vez, necessário.
Ele não dá medo, não apavora, não causa dor.
Muitas vezes, é conselheiro até,
Mas o vago; é negro, é desconhecido.

Olhando-a mais atentamente,
Não é assim tão vazia.
Há umas poucas árvores a contorna-la.
Algumas flores teimosas a dançar.
Ainda tem o por do sol,
e  a lua que vem enamora-lo
Mesmo que quase em uma despedida.
Não seria então uma estrada romântica?
Diria que sim, o poeta
Mas logo seria rebatido pelo cético.

O romântico morre de amor
Aceita a dor como uma alento,
Mas o cético vê a estrada vazia.
E o realista sente a presença da solidão.
Reconhece o silêncio em sua alma,
E teme perder-se no espaço vago.
Porque o silêncio lhe é peculiar
Mas o nulo lhe é tenebroso,

Ainda há um espaço vago a frente,
Uma estrada longa e vazia,
Que amedronta, apavora,
sucumbindo o romantismo,
No vazio de um pobre solitário.

Verônica Bastos
07/04/2013

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