Deram-me um corpo,
Um corpo esguio, alongado;
Com o peso suficiente para suportar o mundo.
De tão esguio, deveria aguentar calada.
Era preciso ser silenciosa.
Era necessário vê, ouvi e não escutar.
Ainda era cedo,
Ainda era muito jovem,
Deram-me, mesmo assim, a estrada.
Um caminho para um futuro,
Haviam flores a beira do caminho,
O sol cálido aquecia suavemente o coração.
E por algum tempo, os contos de fadas pareceram existir,
Era uma coisa palpável, ao alcance das mãos.
Deram-me, então, os espinhos.
Em algum lugar do curto passado,
esqueceram de falar-me deles.
E não era qualquer espinho,
Ele encravava nas entranhas da alma,
Dilacerava o músculo pulsante
E os castelos não podiam mais ser tocados.
O corpo esguio, ganhou a primeira cicatriz,
Mas ainda era muito jovem,
Outras marcas viriam,
Umas esbarrariam nas outras, e por vez voltariam a sangrar.
Outras estradas, outros campos, outras flores,
Haveriam outros tempos, novo futuro.
Mas nunca mais os castelos.
Verônica Bastos
15/04/2013
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